O eu pensante, sábio e real, discutia, cutucava, e espezinhava o eu sonhador, idealista e romântico, que procurava explicar a loucura, ou melhor tentava mostrar pro senso real que aquela fantasia procedia...que valia pena... Para justificar o que quer sustentar o eu delirante e onírico explicou:

A realidade é fosca... Tipo aquele embaçado do vidro, quando tá chovendo...
Você sabe o que tem do outro  lado, distorcido, vê! É virtual? Ou apenas imaginação? (a imaginação é monstruosa!) Mas é o objeto de amor, você sabe o que é, quem é, como é! Mesmo que nunca tenha tocado, sentido, ficado ao lado...
O pior de tudo é: - Não é possível alcançar...

Estranho?

"Estranho seria se não me apaixona-se por você!"

Crise da meia idade? só pode ser... ou não...

"... Se o mundo combinar felicidade e tristeza..."
Seria  Combinar esse alguém aqui, com saudade dos de lá...
Seria mais que isso, seria passar a mão no Box, e enxergar você do  lado de lá...

"... Não é que eu esteja procurando no infinito a sorte
Para andar comigo
Se a fé remove até montanhas, o desejo é o que torna o irreal possível
Não é por isso que eu não possa estar feliz, sorrindo e cantando
Não vou dizer que eu não ligo, eu digo o que eu sinto e o que eu sou
O problema é que eu te amo
Não tenha dúvidas, pois isso não é mais secreto..."

Ah, aí você se esbaldaria diante do meu descabido sentimento!
Eu diria que teria uma queda, e que um dia deixei a fresta aberta, e se pode enxergar tudo isso de lá, do outro lado do vidro, ainda que esteja embaçado...

Mas...

...Não jogamos no mesmo time, não é?

No fim das contas, mesmo que ilusoriamente prefiramos nos encantar com os desejos, mesmo que seja mais fácil nos enganar desejando que as coisas dêem certo, e teimemos em justificar o que não deu certo (e possivelmente não dará) inventando idéias e abusando de desculpas, ainda assim vez por outra é bom tentar quebrar o vidro. Apostar as fichas e ver o resultado... A mania de enfeitar o pavão é o que às vezes enfeia o bicho.

E seguimos espiando atrás do vidro...





' ...Rapte-me
Me adapte-me
Me capte-me
It's up to me
Coração...'







E não existe manual de instruções para isso... não existe sinopse, nem  prévia! Não existe minha gente!
Existem pessoas se encontrando e se desencontrando diariamente! Existe um monte de gente procurando os caminhos para encontrar as pessoas, entrando em vielas erradas, interpretando mal as placas, tropeçando...
É claro que sim!

Os percalços sempre existirão, é por isso que apenas uma pessoa sobre no pódio e leva pra casa o objeto de amor. 

Percorrer esse trajeto envolve mais do que construir paulatinamente uma escadinha para olhar o que há atrás do muro... Envolve tato, envolver - literalmente... Caber dois mundos num só... Permitindo que a totalidade do outro seja respeitada e que os limites sejam impostos, invisivelmente delimitados. Sem precisar de regras...

O manual, meu caro, está em suas mãos, é tátil, olfativo, sensorial...  É você quem escreve, e pode ter certeza que sempre existirão rasuras, mas é pra isso que o erroex foi criado: para ser usado!

Subitamente o corpo relaxa, a cabeça pende para um dos lados, ora para direita, ora pra esquerda...as mãos seguram, rijas e firmes, tentam aproximar como se houvesse um centímetro de espaço sequer...

Na ponta dos pés os dedos se curvam, apertando o sapato... as pernas enrijecem, se esticam, algumas vezes nas pontas dos pés...

A respiração fica pesada, suspensa e por vezes ofegante...O corpo pulsa e exala calor...

Os olhos, ah... os olhos, permanecem cerrados...uma onda de calor invade o corpo – que começa relaxado e aos poucos assume uma postura exigente e apressada... A mente fica vazia por alguns segundos...em seguida é imersa em idéias e sensações, na pressa do momento seguinte e na calma de prolongar a sensação...

O coração dispara em ritmo acelerado como que tentando acompanhar a sinestesia exigente e destrambelhada que dita o ritmo da situação...

Aos poucos o mundo  volta a ser percebido... ao poucos saímos de órbita... aos poucos sentimos os lábios se transformarem em um sorriso...e uma explosão de alegria permeia, estreita e expande a alma...

Definitivamente o beijo não vem da boca...



Sintam-se beijados por mim!


Parece falta de ar, compressão, sufocamento... Vontade de sair do casulo, inconsistência... É possível rir e chorar ao mesmo tempo... Nada funciona... Nada, eu disse: nada substitui o objeto de desejo, e todos os outros são objetos de não amor!

É, atire a primeira pedra que não sentiu a fatídica sensação claustrofóbica de querer e não poder!

É um estágio decisivo, definitivo e imprescindível! A necessidade de alcançar, de tocar, sentir... É quando tudo perpassa o plano emocional, onírico e sentimental. 

Agora aquela vontade desenfreada e assume as rédeas da personificação! 

Até os mais realistas, insensíveis e precavidos se submetem aos caprichos das vontades suprimidas. Das duas uma, ou a ‘coisa’ evolui e se toma conta de tudo, ou se torna devaneio... Aquela história de esforço para alcançar o vento.

Mas desejar é doce e alcançar pode ser amargo, então corremos o risco de no fim das contas, lá no fim do arco íris encontrarmos um prêmio que não é o que almejamos, ou idealizamos. 

Na verdade correr risco faz parte... Se sempre tivéssemos certeza, se sempre soubéssemos o final, e sempre acertássemos nunca encontraríamos as felizes coincidências que nos maravilham e surpreendem nossos dias!



"Antes de desejarmos fortemente uma coisa, devemos examinar primeiro qual a felicidade daquele que a possui." - Duque de La Rochefoucauld

É impressionante a nossa capacidade de tornar a vida utópica. Os sentimentos, as pessoas, os sonhos... Já percebeu?

Como somos recalcados, temerosos e inseguros! Colocar tudo a perder ou ganhar tudo infinitamente? – Utopia? 

O tempo não perdoa, nem ser rende à doçura dos olhos de quem desesperadamente busca rever, alcançar, conseguir... Dos que querem e esperam aquela oportunidade, esperam as coisas amainarem... Isso não existe!

E nós? Passivos, cativos e submissos... Sabe o que mais desespera nessa selva? E ter o poder e não poder... é a velha história tão bem cantada: ‘ Porque querer está tão longe de poder ter?’ 

Isso, meus caros, literalmente é o que chamamos de impotência! Enquanto isso nos consolamos com a utopia, com a sensação anestésica – que dói bem mais que a realidade / a realidade que vem depois não é bem aquela que planejei -  de:  –Isso vai mudar, você vai ver... – Espera mais um pouquinho! – Tenha paciência...

Fazer o que? ‘Senta e espera!’ : Esperar, cruzar os braços, levantar as pernas e ver a vida passar...dia após dia... na mesma inércia, com a mesma sensação de que ‘nosso dia vai chegar’... Dae você canta: ' você pode ir na janela se amorenar no sol que não quer anoitecer...'

Encare seus dias como uma oportunidade única de construir, reinventar (AMO² essa palavra), conquistar!Se você gastar o tempo pensando em como poderia ser, não vai ter tempo de saber como de fato é...
 ...Talvez não possamos caminhar sobre o abismo por precaução levo minhas asas...

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Bellatrix
Sou praia, sol e calor! Sou água fresca, sou luzes e baladas! Sou futebol, caipirinha e vinho tinto! Não sou academia mais finjo que sou! Sou cinema, pipoca e algodão doce! Sou meio Sherlock, meio Anjos e Demônios, meio Drumonnd! Meio louca, muito amiga e perdidamente apaixonada!Sou bang bang e terror, mas posso curtir um romance só pra sair da rotina! Sou imediato, passageiro e impulsivo!Sou bicho de sete cabeças, fada madrinha, e ternurinha... Mil e uma noites, sonhos de uma noite de verão, e Alice no país das maravilhas!
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