E foi exatamente assim, totalmente ao contrário do que ela julgava que seria. E por isso mesmo decidiu colocar o Sherlock na mala, o peixinho debaixo do braço, algumas dúzias de dúvidas e interrogações na bolsa e seguir viagem.
Sabia, sempre soube, que não ficaria ali por tanto tempo, aguardando respostas, esperando... Foi tempo demais... E tempo demais é sempre tempo de menos para outros relógios.
Mas não olhou pra trás, não se exasperou, nem uma lágrima sequer. Tratou de alvejar os sonhos trancafiados, corou as esperanças perdidas, tratou de recuperá-las, como alguém que arrumas a casa para receber visitas. Calçou o melhor scarpin, colocou o melhor sorriso nos lábios rosados, se perfumou...
Aquele tempo que o mocinho julgou imprescindível, o foi. Talvez fosse para ele uma espécie de teste, na verdade não era a dona que deveria ser analisada fria e calculadamente, esta, ele tinha plena certeza, era sempre a mesma, sem cara e coroa.
O rapaz nunca sabia como lidar com ela, nunca sabia que palavras usar, sempre levava a mão aos lábios e titubeava. Então ele preferiu a emoção das duas rodas.... Montanha russa é outra história...
O tempo passou, os desejos e anseios também, e antes que a próxima a desaparecer fosse a vida, ela tratou de embalar, sem rótulos, sem expectativas, sem rodeios, e manter na estante. Como aquele livro entendiante que nunca conseguimos passar do terceiro capítulo.
Sabemos que ele está na estante, conhecemos a capa, o papel, o índice... Já lemos algumas páginas, ou pelo menos tentamos por cerca de meia dúzia de vezes, mas nunca passamos da 20° página.
Ele ficará ali...
‘ E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
que não se morre de amor
Para aprender a viver!’
0 comentários:
Postar um comentário